200 anos de Jane Austen, pioneira na literatura voltada para o público feminino | Perfil |

Jane Austen foi uma das escritoras mais importantes do século XIX. Ela escreveu seis romances que tiveram grande repercussão na época, sendo alvo de diversas críticas. Pouco se conhece sobre a autora, já que muitas cartas foram destruídas pela família. Nunca foi descoberto o motivo dessa destruição: estaria a família tentando proteger a imagem que o público tinha de Jane? Será que nessas cartas revelavam muito da personalidade da autora? Os membros da família, principalmente sobrinhos, a descrevem de forma contraditória. Uns dizem que ela era a “doce tia Jane”, outros a descrevem como “ a mulher de língua afiada”.

Não se pode negar, no entanto, que a sagacidade e os comentários cortantes sobre a natureza humana tornaram divertida a leitura dos livros de Jane Austen. Ela escrevia utilizando uma linguagem simples e se concentrava na construção do personagem. Jane criava e descrevia pessoas que ela conhecia bem: ladies e gentlemen da Inglaterra rural. Além disso, o trama dos enredos eram confinados no ambiente familiar, nas  amizade, os galanteios e casamentos. Todos os assuntos que a autora dominava por estarem perto de sua própria experiência de vida.

Pode-se afirmar que alguns aspectos de sua vida privada eram refletidos em suas obras. Jane Austen cresceu em uma família grande, com sete irmãos, entre eles seis irmãos e uma irmã. Era com sua irmã Cassandra Austen que Jane mantinha um laço especial. A relação das duas irmãs era tão próxima que podemos observar vestígios dela nas obras de Jane. No livro Orgulho e preconceito vemos o quanto Elizabeth e Jane Bennet são inseparáveis, assim como no livro Razão e Sensibilidade também observamos como a relação entre Elionor e Marianne, duas irmãs completamente diferentes, ajuda a suportar as pressões da sociedade e de corações partidos.

O assunto central de suas obras é o amor, mas principalmente o casamento, o final feliz. Desde criança, Jane já mostrava sinais desta sua grande fantasia. “Sonhando acordada com seu próprio futuro, Jane fez várias anotações fantasiosas nos livros de registros da paróquia do pai. Ela registrou as uniões de “Herry Frederic Howard Firzwilliam, de Londres, e de Jane Austen, de Steventon”, “Edmund Arthur William Mortimer, de Liverpool, e Jane Austen, de Steventon”, e “Jack Smith e Jane Smith, antes Austen, na presença de Jack Smith, Jane Smith.” O complacente reverendo Austen nunca riscou as anotações. Elas continuam presentes nos livros de registros de casamentos, batismos e óbitos da paróquia.”(Jane Austen, uma vida relada, Cavetherine Reef, página 55). No entanto, foi somente em 1795 que Jane Austen conheceu o sentimento de estar apaixonada.

O circulo social de Jane incluía a família Lefroy que vivia em uma aldeia próxima a da família Austen. No natal de 1795, os Lefroy receberam de visita o sobrinho, Tom Lefroy. Tom tinha cerca de vinte anos, cresceu na Inglaterra e estudava direito em Londres. Ele e Jane se conheceram em um baile de final de ano. Segundo os convidados da festa “a atração entre os jovens foi imediata, e não fizeram questão de esconder isso de ninguém” (Jane Austen, uma vida revelada, Catherine Reef, página 63). Eles passaram longe de todas as regras da sociedade da época em mostrarem sua preferência um pelo outro tão claramente a ponto de chamar atenção das pessoas ao redor. Jane escreveu para Cassandra, em uma das poucas cartas que não foram destruídas pela família, pedindo que a irmã imaginasse “tudo de mais deplorável e chocante no jeito de dançar e de sentarmos juntos”. Cinco dias depois, escreveu novamente confessando esperar um pedido de casamento. Porém, o pedido nunca chegou. A família de Tom esperava casa-lo melhor, o que não incluía o casamento com uma menina na condição financeira de Jane Austen. Essa questão foi o fato decisivo para romper um possível noivado entre os jovens. Os Lefroy perceberam o romance e cortaram logo de início, apressando a partida de Tom para a Inglaterra. Jane nunca mais viu o rapaz.

O romance entre os dois acabou sendo tema do filme Becoming Jane, traduzido para Amor e Inocência, com atriz Anne Hathaway interpretando o papel de Jane e James Mcavoy no papel de Tom LefroyO longa acompanha a trajetória da escritora enquanto ela se transforma na aurora em que conheço e amo profundamente. O filme mostra o desenrolar da histórias entre essas duas pessoas, que viriam a contribuir para o nascimento de uma grande escritora e de sua fonte de inspiração para escrever. Por essa razão, não é  tão curioso perceber que foi durante seu encantamento pelo jovem Lefroy que Jane Austen escreveu First Impression, o que viria a ser o primeiro esboço de Orgulho e preconceito.

Outros pretendentes sugiram na vida da senhorita Austen, mas nenhum chamou atenção da jovem. Somente em 1802, quando Jane e Cassandra fizeram uma visita a uma família amiga, Jane considerou ter outro homem como pretendente. O nome dele era Harrys Bigg-Wither, herdeiro da família e seu amigo de longa data, e sua condição financeira permitia o jovem escolher uma esposa. Mesmo tendo vinte e sete anos e já ter passado da época de se casar, Jane não tinha um marido e dependia de sua família para sobreviver, o que era mal visto pela sociedade.  Ela aceitou a proposta de Harrys. Na manhã seguinte, no entanto, alegou ter cometido um erro e desfez o noivado. Jane Austen e sua irmã Cassandra nunca se casaram.

Perfil: Nathália Afonso
Fotos: Divulgação

4 comentários Adicione o seu

  1. Gabriel Santos disse:

    O conteúdo ficou muito completo! Parabéns!

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    1. Obrigada, Gabriel!! Fico feliz que você gostou!! 🙂

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  2. Lucas Paes disse:

    MUITO LEGAL!!!!!!!!!!!! AMEI A JANE!!!!!!!! S2 S2 S2

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    1. Que bom, Lucas!! Volte sempre para saber mais novidades do Bolha!! 🙂

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